terça-feira, 14 de junho de 2011

A Revista Veja e a influencia na industria cultural.

A revista Veja aqui é analisada como expressão da indústria cultural brasileira - enquanto um sistema que se desenvolveu juntamente com o capitalismo no país - no período que vai de sua criação (1968) até o fim do regime militar (1985). Na produção de Veja são importantes dois fatores: 1) a constante busca de lucratividade e ampliação da tiragem; 2) o contexto histórico vivido pela revista: a ditadura militar e sua censura.
Veja presenciou o processo de organização da imprensa brasileira em grandes oligopólios que passaram a controlar os meios de difusão de idéias e informações no Brasil. "O resultado desta concentração dos meios de comunicação em poucas e silenciosas mãos - de resto incentivada pelo próprio governo, pois assim lhe é mais fácil controlar a opinião pública - leva a uma opressora uniformização das informações, colocando em risco o pluralismo das opiniões, condição essencial para uma verdadeira liberdade de informação”.Os oligopólios são formados pela grande imprensa que corresponde "aos órgãos de divulgação cuja veiculação pode ser diária, semanal ou mesmo que atuem em outra periodicidade, mas cuja dimensão, em termos empresariais, atinja uma estrutura que implique na dependência de um alto financiamento publicitário para a sua sobrevivência”.Ao contrário da “imprensa alternativa" (jornais como Pasquim, Opinião, Movimento, Em Tempo, etc), estes grupos possuíam uma grande infra-estrutura para a confecção e divulgação de seus produtos "ideológicos." Em contraste com os jornais da imprensa alternativa, feitos de forma artesanal e sem muitos recursos editoriais e industriais, a grande imprensa possuía, em sua maioria, facilidades oferecidas pelo governo para a importação de equipamentos que permitiam uma maior produção e uma melhor qualidade gráfica de seus jornais e revistas.
Veja surgiu em setembro de 1968, em plena fase de consolidação da indústria cultural no Brasil. Desde os anos 50, a Editora Abril firmava-se enquanto um conglomerado, diversificando cada vez mais os produtos que editava. Assim, Veja apareceu numa fase em que o jornalismo já possuía um caráter empresarial. Além de ser um dos produtos da Editora Abril com maior ênfase mercadológica, não se pode esquecer o contexto histórico e político no qual a revista estava inserida. Desta maneira, a censura é um fator importante que moldava as relações de Veja com o governo militar, e o Estado é a peça fundamental para o desenvolvimento da indústria cultural no Brasil (sendo que, em relação aos meios de comunicação, isto é notado através, principalmente, da publicidade e dos investimentos em telecomunicações).
A partir disto, Veja é analisada segundo duas perspectivas que vão nortear as suas relações com o governo militar e a produção de sua mensagem: a indústria cultural e a censura. De acordo com essa perspectiva, na produção das matérias estavam presentes tanto a constante busca de um número maior de leitores, como um posicionamento político que refletia, ainda que em última instância, as visões de seus proprietários. Assim, trabalharemos com dois pressupostos: 1) a censura imposta pelos militares era motivo de conflito com a imprensa; 2) ao mesmo tempo, os órgãos de imprensa estavam atrelados ao Estado autoritário por meio do incentivo fornecido através das concessões de publicidade e favorecimento na importação de equipamentos gráficos. Estas duas questões tinham de ser, a todo momento, levadas em conta pelos jornais e revistas, pois moldavam as suas relações com o regime, além de serem responsáveis pela sua existência enquanto órgãos que visavam lucro e ao mesmo tempo possuíam uma posição política em relação aos acontecimentos da sociedade. Desta maneira, eles estavam inseridos em um contexto de indústria cultural, em que a importância das relações econômicas era essencial.
Procura-se desvendar também uma prática constante do Estado autoritário: o controle dos meios de difusão de informações e idéias, pois esta era uma área de fundamental importância para um regime que desejava transmitir uma aparência não conflituosa para a sociedade brasileira. Ao mesmo tempo, os meios de comunicação deveriam publicar acontecimentos que não eram alheios aos seus leitores. Neste complexo contexto são descobertas diversas formas de negociações e relações entre o governo e os órgãos da imprensa escrita na tentativa destes últimos conseguirem transmitir os acontecimentos da sociedade, em todos os seus níveis: econômico, político e cultural.

                                   Por João Gabriel L. Dias, Taufi Filho e Jaqueline Cristina 

Um comentário:

  1. A credibilidade da revista Veja já caiu por terra há muito tempo, quando uma matéria é publicada nessa revista eu tenho um certo receio em julgar se a informação é de fonte segura, verdadeira ou se é mais um escândalo em que a imagem da revista está envolvida, devido a isso não perco o meu tempo lendo essa revista.

    Mas gostei da abordagem do grupo com relação a revista Veja.

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