quinta-feira, 16 de junho de 2011

“Cinema é a maior diversão” para o público e para a Indústria Cultural

Frase de Luiz Severiano Ribeiro ("Cinema é a maior diversão") reflete bem um ótimo tipo de diversão.
Muita coisa mudou e as novidades no mundo da “telona” aumentam a cada filme lançado.
A confirmação do seu crescimento se reflete no reconhecimento do público, que cada vez mais engrossam as filas na compra de ingressos.
Seria pela qualidade do cinema brasileiro, que vem aumentando, ou pelo foco na banalização dos problemas do país? Como é o caso de corrupção policial e criminalidade que é visto nas seguências de Tropa de Elite ou a polêmica que é gerada no filme Bruna Surfistinha. É notório que assuntos polemizados pela opinião pública têm a capacidade de prender a atenção do público, mas também é clara a evolução do conteúdo dos filmes brasileiros. O que sempre encaramos como sendo uma indústria que produzia só filmes com apelo sexual tem se mostrado mais interessante e criativo nos últimos tempos. E ainda que de forma pequena, tem conseguido o reconhecimento internacional, como exemplos: “Cidade de Deus” que em 2004 concorreu em 4 categorias e “Do outro lado da Rua”, um grande sucesso nacional no Festival de Berlim.
E é por esta evolução que o cinema brasileiro ganhou o título de “Cinema da Retomada” com a recuperação cinematográfica brasileira de 1993-1994.

Cresce o cinema no sentido cultural, crescem as possibilidades de publicidade e propaganda. Hoje o público das “Telonas” é maior e diversificado e isso abre novas possibilidades de disseminação idéias e conquista de consumidores.

A lógica máxima da Indústria Cultural é o lucro, mantendo-se os mesmos objetivos da lógica capitalistas.

O cinema é um dos produtos da Indústria Cultural. E como tal está submetido ao controle de interesses capitalistas. E mantendo-se nessa estrutura o mundo cinematográfico vem ampliando o mercado e fazendo parte desse sistema capitalista.

Antigamente tínhamos filmes em preto e branco, com histórias simples e, muitas vezes, engraçadas; as famosas Chanchadas. Hoje vemos histórias do cotidiano que, ainda que exibam a realidade violenta, cativam as pessoas.

Segundo informações da Agência Nacional de Cinema no ano de 2010 o público do cinema nacional foi de 25.227.757 espectadores, 56,77% acima do registrado em 2009.


O que pensam os profissionais sobre filmes e a Indústria Cultural no cinema?

Aristides Corrêa Dutra
Designer gráfico, professor e colunista da revista Conceito A


Na era pré-digital, fazer um anúncio para passar antes dos filmes envolvia altos custos (equipamento caro, profissionais caros, reprodução física do original etc.) e só se justificava se pensado como comunicação de massa, isto é, veiculado em um grande número de salas e dirigido ao maior público possível. Só se aplicava, portanto, aos produtos populares, de público indefinido.

Na era digital essa situação mudou completamente. É possível se fazer um anúncio com qualidade profissional a baixíssimo custo. Também não há mais o alto custo de copiagem física, e se o envio do material for online, o custo de reprodução chega efetivamente a zero. E como praticamente todas as salas de cinema hoje têm algum equipamento de projeção digital, a inserção do anúncio pode almejar um público bastante preciso, sendo possível se escolher a sala, o filme e os horários de exibição. É possível até se fazer inserções únicas ou bastante restritas.

Assim, a publicidade em cinema não tem mais que ser necessariamente tratada como comunicação de massa. Ela também está a serviço da comunicação dirigida. Um ótimo exemplo de publicidade boa e barata nesses moldes é a campanha da revista Piauí (assista o vídeo abaixo), geralmente feita em animação digital ou stop motion e veiculada somente nos cinemas Unibanco e Unibanco Arteplex.




Ou numa possibilidade mais extrema: uma pequena loja de brinquedos, por exemplo, pode anunciar em um cinema ou multiplex do mesmo bairro somente nos filmes infantis e em sessões até as 19h. Com isso vai se dirigir de maneira bastante focada em seu público-alvo primordial em um veículo de alto impacto e ao menos custo possível.

O cinema no Brasil é uma área em pleno desenvolvimento e crescimento, tanto na indústria de produção quanto na rede de exibição e em seus produtos derivados. Anunciar em cinema pode, sim, ser um ótimo negócio tanto para grandes quanto para pequenos anunciantes, pois pode ser suporte tanto para comunicação de massa quanto para comunicação dirigida.

Quanto a seu papel na democracia e na cidadania, acontece com a propaganda de cinema o que acontece com toda mídia. Não acredito que os meios de comunicação sejam em si positivos ou negativos, bons ou ruins. Eles podem, isso sim, ser mais ou menos interativos ou participativos. Mas continuarão sendo apenas meios de comunicação. Bom ou ruim é o uso que se faz deles.


 

Raphael Oliveira
Jornalista

A exposição que filmes como Tropa de Elite 1 e 2 trouxeram para o cinema foi muito positiva não só para quem trabalhou na sequência, mas também para todo o cinema brasileiro.
Filmes menores continuaram com problemas de verba para produção e patrocínio, mas as produções maiores com certeza ganharam muito com a grande exposição desses filmes e de tantas atrizes e atores brasileiros que estão fazendo sucesso dentro e fora do país.O cinema contribui e sempre vai contribuir de alguma forma. Seja com entretenimento ou algo mais politizado.

É um veiculo tão poderoso que não pode se restringir simplesmente ao entretenimento e nem só a política, deve atender a ambos de forma que atenda a todos os públicos.
Só entretenimento não traz conscientização e só política não traz divertimento.
 
Kelly Lopes
Psicóloga

Existe uma mudança no foco do produto (filme) segundo uma demanda globalizada que pressiona o faturamento pela qualidade. Filmes brasileiros na atualidade, mostram como mensagem, para além do sexo explícito, assuntos cotidianos como, violência exacerbada, quebra de tabus quanto a sexualidade, patologias psíquicas - assuntos inerentes a sociedade, que o público lida diariamente, mas que não param para observar/vivificar por não serem tão prazerosos e buscam o telão como um meio externo para enxergar tais assuntos no outro...é mais fácil, afinal. Com essa sacada e talvez também para a sobrevivência do "cinema brasileiro", o investimento financeiro precisou mudar/aumentar, visando a lucratividade proporcionalmente.

---------------------------------------------------- por: Lucas Sakalem e Rosângela Pizzolati ---------------------------

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