domingo, 20 de novembro de 2011

DO SOUL AO FUNK CARIOCA: HISTÓRIA DE UM MERCADO DE MILHÕES

O Funk no Rio de Janeiro, desde o seu início, nos anos 70, além de contribuir para expressão social e cultural das periferias, movimenta um mercado milionário e organizado que emprega diretamente milhares de pessoas no estado, além dos mercados informais.
Influenciados pelo Funk e pelo Soul Music dos anos 70, por artistas como James Brown, começaram no Rio de Janeiro os primeiros bailes, através de Ademir Lemos e Big Boy, no Canecão, sempre aos domingos, em um evento denominado Baile da Pesada. Nestes bailes, reuniam-se mais de 4.000 pessoas influenciadas por estes estilos, começaram a surgir as primeiras coreografias, os estilos de roupa e cabelo, etc..
Com a extinção destes bailes no Canecão, o evento começou a acontecer nos subúrbios do Rio, e devido ao seu grande sucesso, começaram a surgir várias equipes, como Cash Box, Super Sonic, Pipos, Furacão 2000, entre outras.
Nos anos 80, começaram a surgir nos EUA os primeiros Funks com efeitos e equipamentos eletrônicos. Começa a predominância do Disco Music, precedido no Brasil pelo Disco Funk.
As equipes começaram a montar um verdadeiro arsenal em equipamentos de som, que eram cada vez mais potentes e tecnologicamente avançados.
Surge então o Miami Bass, que dá outra “cara” aos bailes, porém mantém-se o nome dos eventos de Bailes Funk. Após isso surgem os rap's, as equipes de DJ’s e de som evoluem cada vez mais, surgindo as montagens e a figura cada vez mais importante dos MC’s.
Daí vem um período negro no Funk carioca, nos anos 90: os bailes de corredor. Estes contribuíram muito para o aumento do preconceito, que já existia, até que o governo proíbe que os bailes sejam realizados nos clubes cariocas. Os organizadores conseguem contornar a situação e os eventos começaram a ser um convite para a curtição com paz e harmonia.
Surge o Funk Melody e logo em seguida, mais uma evolução do Funk: o Volt Mix.
No final dos anos 90, surge o ritmo batizado como Tamborzão do Funk, que predominou e ditou o ritmo dos bailes e eventos como o Festival de Galeras, na Cidade de Deus, por quase 10 anos.
Até que surge o Beat Box, que misturado ao “tamborzão” e aos avanços tecnológicos dos equipamentos inspirou o Funk para que evoluísse ao ritmo que atualmente tocam nos bailes do Rio de Janeiro.
É importante destacar que, em cada época, além das receitas geradas pelos bailes, outros mercados faturam com o Funk: é preciso estar na moda, o Funk conta ainda com a questão estética e existe um outro mercado milionário com a venda de roupas específicas, cortes de cabelo, uso de acessórios (bonés, cordões, brincos, pulseiras, etc.) e um estilo próprio de falar, andar e se comportar que está ligado ao capital social vivido pelos funkeiros, que refletem, principalmente, a vida nas comunidades e nos subúrbios cariocas.
Existe ainda um mercado organizado que conta com MC’s, DJ’s, produtores, empresários, equipes de som, gravadoras, dançarinos e até mesmo camelôs, além destes movimentarem o mercado da moda e da compra de equipamentos.
Uma pesquisa feita em 2008 pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mapeou o mercado Funk no Rio de Janeiro de forma bem detalhada, destacando os ganhos obtidos pelos principais agentes do Funk: MC’s, DJ’s, Equipes de Som e camelôs.
A pesquisa aponta que são realizados cerca de  878 bailes por mês e que o faturamento mensal chega a R$ 10 milhões.


Alguns dados sobre o faturamento:
Bilheteria: R$ R$ 7,02 milhões.
Salário de MCs, DJs, Camelôs e equipes de som: R$ 1,4 milhões.
Cachês das equipes de som: R$ 2,14 milhões.

Rendimento médio mensal de acordo com a pesquisa:
MC’s (os mais bem pagos) – R$ 4.140,19
DJ’s: R$ 2.100,00
Camelôs: R$ 957,47

Autores:
Henrique Raposo
Renan Klayn
Victor Borba

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