quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A trilha do Rio de Janeiro

Funk cresce cada dia mais e movimenta milhões por mês

Com uma movimentação de R$ 10 milhões por mês no estado do Rio de Janeiro, segundo estudo realizado em 2009 pelo instituto de pesquisa da Fundação Getúlio Vargas – FGV, o funk carioca é uma manifestação popular facilmente aceita nas classes mais baixas da cidade do Rio de janeiro.

Nascido nas favelas cariocas por volta dos anos 80, graças a influências de um novo ritmo da Flórida, o Miami Bass, as primeiras gravações do funk eram versões de músicas estrangeiras. Não demorou muito para que começassem a surgir os bailes, que antes eram em clubes dos bairros do subúrbio, e depois começou a ser a céu aberto, nas ruas das favelas, onde as equipes rivais disputavam quem tinha aparelhagem mais potente, o grupo mais fiel e o melhor DJ. A partir daí surgiu o DJ Malboro, um dos vário protagonistas do movimento do funk.

Como a população moradora de favelas dificilmente tem acesso a outro tipo de cultura, que não seja a que esta perto de si, principalmente pela falta de dinheiro para se locomover para outros locais, o funk é a única forma de diversão que eles conhecem. Para estas pessoas, além de diversão, o funk é também perspectiva de vida, pois assegura empregos direta e indiretamente, além de alimentar o sonho de poder ter um trabalho que lhes dê prazer.

Segundo a mesma pesquisa realizada pela FGV, as equipes de som promovem hoje uma média de 878 bailes por mês no estado, e para fazer mais de uma festa por noite eles se dividem em subequipes e recorrem a aluguel de equipamentos. Também graças a todo o movimento e festas, alguns camelôs tiram o seu sustento, são cerca de seis vendedores por festa fora da comunidade. Eles recebem um total de R$ 957,00 por mês.

“Sempre defendi que o funk é sim cultura e modo de expressão de uma parcela da sociedade. Sempre defendi que o funk é uma das poucas possibilidades de ascensão social para milhares de jovens que tem oportunidades recusadas muitas vezes por sua cor, ou pelo local em que residem. Finalmente o povo do “asfalto” percebe, através da veia econômica, que o funk não é apenas um ritmo de moda que ferve todo o verão, mas também um meio de subsistência de boa parcela da sociedade”, diz a estudante Renata Alarcão em seu blog.

A indústria do funk foi crescendo cada vez mais e ganhando uma força, que atualmente ela promove a aproximação entre as classes sociais diferentes, criando vínculos culturais muito importantes, conseguindo se expandir para fora das favelas.





Um exemplo disso é a música Rap das armas, da banda Cidinho e Doca, que esteve no filme “Tropa de Elite”. Graças a essa divulgação, em 2009 ela fez um grande sucesso nas pistas da Espanha.



Hoje muitas pessoas de fora das periferias frequentam os bailes funks que acontecem nas favelas e, os Mcs tem portas abertas para apresentações em todos os pontos do Rio de Janeiro, até em festas elitizadas de réveillon, como a do Clube Costa Brava, na estrada do Joá, em São Conrado, deste ano de 2011, em que terá o Dj Malboro e o MC Naldo. Outra festa de réveillon que terá funk é a do hotel cinco estrelas Intercontinental, também em São Conrado, com a presença do MC Marcinho. O valor médio dessas festas é entre R$ 300 e R$ 500.

“O funk hoje é a trilha do Rio. Aqui tudo acaba em funk, de festa de aniversário a casamento. Hoje até os artistas de fora, os baianos por exemplo, se subirem no trio elétrico e não cantarem funk, não vão agradar o público”, diz o empresário e dono de rádio, Rômulo Costa.

Alunos: Juliane Françoso, Bruno Ferrat e Kleber

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